sábado, 7 de julho de 2012

O buraco é mais fundo do que pensei.

O gosto da vida é preto e branco. 
Devem existir outras opções. Não consigo pensar em nada agora. 
Existem, na verdade. O gosto da vida é o cigarro e o vinho. O vento e a chuva. É tudo amargo. 
Que injusto, é tudo injusto. 
Ocorreu um crime aqui. Injusto? 
Uma alma foi roubada. Assistir. Não trocar de canal. Remédio pra dor, você tem? Dor não sei aonde, mas arde. O céu tá chorando. Ninguém enxerga. Talvez isso seja sofrer, pelo simples fato de não saber o que mudar. "Caro é transforma-se num arremedo de si próprio a ponto de nem se reconhecer mais." Você sabe, não adianta ter o controle. Você tem que querer. Mudar o canal. 
Do que adianta essas asas? Eu tenho asas. Mas eu não quero aprender a voar. Nunca gostei de altura. Eu mal enxergo a mim, imagine aos outros? Quem enxerga a alma? Quem procura o que foi roubado? Já não sei como descrever tanto tempo. Toda manhã não é apenas uma qualquer.
Você parece um mundo paralelo de 2 horas ou mais ou menos, não parei pra cronometrar ainda. Não considero certo ou errado. O que há em ti é apenas silêncio, mas um silêncio barulhento. Enigma... Tenho vontade de conhecer mais gente de conversa. E tenho medo de conversas. 
Mudei de ideia, nem queria mais conhecer. Ninguém iria me ouvir. Quero um cigarro. O buraco é mais fundo do que eu pensei. Eu só caio. Nem lembro mais de quando foi a queda. Ninguém gostaria de mim se me conhecesse por dentro. Do avesso. Se me virassem, ao contrário. Mostrando a carne, as tripas, meu sangue pulsando. Não faz mais sentido. 
Sendo assim, sigo os passos que daria na escadaria escura, na noite mansa, tranquila, na turbulência apenas dos teus olhos aflitos, das nossas bocas secas, das mãos que procuram, de tudo que nossos corpos encontram de nós em nós. Sendo assim, enlouqueço só, pois sou tudo que fica colado, castigado e sem pressa. Como mil pedaços unidos num só lugar e que não se despedaça mais. Há tanta luz, sem a cor, não preciso manter o sorriso de antes. Sinta o pulsar constante, essa explosão emocional que desequilibra a razão até o tempo de acabar. Tudo e nada de uma vez só. As portas fecharam-se, acabei indo longe demais. 
Ninguém me chamou pra entrar quando as portas foram abertas. Eu sempre tive medo de arriscar. Existe alguém atrás de mim. Me segue aonde eu for. Talvez seja minha sombra, ou a parte de mim que eu evito conhecer. Evito tudo que tem a ver comigo. Tu és de tudo que foi, e nem sei se o que fica é tão claro e bonito quanto eu sinto que é. Esse lugar é exatamente onde eu deveria estar, talvez volte pelo rastro acolhedor de um último abraço, pelo calor de despedida. Tão sentida e leve que só com a alma se sente e se entende... Só não se entende o que sinto agora, me sinto pobre de explicações com palavras, isso me cala, me aquieta. 
Vou pra casa.  

Um comentário: