segunda-feira, 16 de julho de 2012

Tic Tac.



O tic tac do relógio começou a fazer sentido.
Tic.
Gosto dos teus olhos fixos em mim enquanto solto a fumaça do cigarro, e eles acompanham o meu andar cansado até o sofá de frente pra ti. Eu gosto de te olhar. Gosto da forma do teu corpo, de como seus lábios são. 
Tac.
Gosto do teu sorriso assim, meio torto, as vezes unilateral ao me ver segurar o lápis, e cruzar minhas pernas com o caderno entre elas. Teu silencio já sabe que as letras serão sobre ti. E tu, sabes que tu é o motivo de cada sorriso meu? 
Tic.
Gosto do cheiro do teu perfume misturado com o do café que tu me trouxe. Das tuas mãos em busca das minhas, e do arrepio que eu sinto com teu corpo mesmo tu estando sentado alguns centímetros de mim. Gosto de como tu move teus lábios dizendo que me ama. 
Tac.
Tua voz rouca quase enlouquece o meu corpo. Gosto de quando teu cabelo fica assim bagunçado, e de passar a ponta do meu dedo pela tua barba mal feita. Como eu poderia escrever, pensar, viver outra coisa que não fosse você quando tu estás assim perto de mim? 
Tic.
Gosto de cada movimento teu, e principalmente desse que tu faz de me tomar o caderno, o lápis, a voz, jogar pro canto, me tirar as letras, me transforma em toques. Teus toques, nossos toques. Tua mão passando pela minha cintura, e a minha quase que desenhando o teu rosto. O calor do teu corpo perto me tira todas as forcas, e eu me afogo em todo nosso amor, e te transbordo, te faço, te bordo.
Tac. 
Eu esqueci de escrever, e agora te digo. Que tu és além de tudo o que eu penso, a única coisa sobre a qual eu me importo. Que a cada dia que passa, eu só quero me perder, e me esquecer da rotina contigo. Que o mundo lá fora eu já quase nem visito, que eu fujo pra onde for se te tenho comigo. Meu próprio mundo, meu refúgio - assim deveria te chamar -. 
Tic tac.
Não me sussurra com essa tua voz de poesia que eu sou tudo o que tu queres, que eu me sinto dançar entre um mar de cores. Que os teus lábios se aproximando dos meus, ao meu ver me parece mais como o inalar e exalar sobre o qual eu não posso viver - nem quero evitar - sem. Não quero me manter longe dos teus lábios, da tua fala, do teu abraço apertado. Não quero perder um segundo de nossas vidas. Não quero ficar sem teu beijo que torna letra N, de "nós", que me torna letra A, de "amo você", que me torna todas as letras e um texto inteiro desde que largamos o café esfriando sobre a mesinha ao lado do sofá, e deixamos que o inale exale dos nossos lábios se mantenha, que o tempo se transforme em infinito. 
Infinito.
Gosto de cada letra que nos define.  

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