sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Estrelas mortas continuam emitindo luz.

A moça tem os olhos mais bonitos que eu já vi. Não são como os que eu costumo gostar, eu sempre digo e todo mundo sabe, eu sou louco por olhos claros. Os olhos dela são feito a Lua. Escuros feito a noite que cai  gélida e solitária, mas no fundo, bem escondida entre as nuvens, está a lua. Ela possui um brilho nos olhos que ninguém tem.
Te contar sobre uma garota das minhas noites é perigoso, Sophia. Ainda mais quando ela não é apenas mais uma. Ela tem todo aquele jeito misterioso por fora, de não deixar ninguém saber sobre suas verdade. Oculta tudo o que ela sabe sobre si, e sempre mente em suas palavras. Não me surpreenderia se algum dia ela me dissesse que não se lembra quem é, porque ela não tem ao certo uma identidade.
Passar a noite nas ruas é perigoso, você sabe, Sophia. Pra um cara sozinho que nem eu, que me encanto por qualquer tristeza dita pela face calada. Eu já me encontrei com a menina - que eu me lembre - umas cinco vezes. Em quatro, ela me repetiu o mesmo de sempre. Perguntou como eu queria foder, e perguntou quando eu pagaria para ela. Em cada uma das quatro vezes, ela me disse um nome diferente. Eu sempre perguntei apenas a porra do nome da garota, e ela me disse vários nomes diferentes. Hoje foi a quinta vez, mas foi como se fosse a primeira.
Era Elizabeth, assim era como ela tinha me dito que se chamava. E ela sorriu pra mim pela primeira vez. Eu nunca vi tanta tristeza junta em um só sorriso. Eu nunca vi um rosto tão machucado de tapas, de surras que a vida lhe deu. Eu nunca senti um gosto de choro tão grande quanto em sua saliva. Eu nunca vi um olhar tão perdido quando o que ela me deu quando nós terminamos todo aquele love, aquele romance na cama, e eu me sentei no sofá pra fumar um cigarro. Elizabeth sempre ia embora, pois antes de fazer qualquer coisa, eu sempre colocava o dinheiro em cima da mesa. Ela sempre o pegou, e foi embora. Mas hoje ela me reconheceu.
A tristeza mata primeiro a alma e depois acaba com o corpo, Sophia. Mas o quanto a minha pequena lua foi machucada, ela ainda estava viva em si. Ela apenas estava perdida de si mesma, e eu duvido que ela tenha qualquer outro cliente que hoje tenha um amor maior do que o que possuo por ela.
Elizabeth busca o amor nas ruas, busca paz de alma nos quartos de motéis, porque não ama a si mesma. Porque não cuida de si mesma, e não tem paz quando está só. Tem a mente mais bagunçada que eu já vi, e eu soube disso quando ela me disse hoje que não queria nunca mais me ver, e depois veio do meu lado, arrancou meu cigarro dos meus dedos, e me implorou com os lacrimejantes que eu não a deixasse só nunca mais. Me beijou os lábios, arranhou meus ombros, e disse que queria se encontrar, mas não tinha um caminho a seguir. Elizabeth não é Elizabeth, ela me confessou. Ela não é Maria, não é Cristina, não é Laila, e também não é Sophia. Ela é minha, é isso que ela diz. Com qualquer nome que eu queira chamá-la, e pra qualquer mundo de dor que eu quiser levar.
Porra Sophia, eu te contei a verdade. Eu também não sou Pablo, não sou Fernando, não sou João e sou louco pela lua dos teus olhos. Sou louco pela tua boca vermelha e pelas cicatrizes que tu tens no corpo. Sou louco pela tua mente perturbada, pelos delírios que tu tem, e sou louco pela vontade que tenho de estar junto de ti. Eu te tiro do mundo, se tu me tirar o vazio do peito, que só se aquieta quando eu to contigo. Eu te guardo no peito, se tu me prometer que mesmo morta, você irá continuar brilhando pra mim - e só pra mim.

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